Ansiedade em momentos de testes e avaliações

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Embora não afete todas as crianças, muitas delas sentem ansiedade antes dos testes e avaliações. E isso, bem sabemos, pode ser altamente perturbador, quer para elas, quer para a família e poderá ter implicações no seu desempenho real, por não conseguirem mobilizar, no momento, aquilo que efetivamente aprenderam e sabem.

O quadro mais comum poderá incluir sensações físicas como dores de barriga, mal-estar gastro intestinal, noites mal dormidas, muitas vezes acompanhadas de pensamentos negativos persistentes como o achar que não são capazes, que todos conseguem menos eles e que tudo vai correr mal. Nas crianças com perfil mais ansioso, podem existir manifestações mais agudas incluindo o agravar de comportamentos já habituais como roer as unhas, coçar a cabeça até fazer ferida, ou outras.

Enquanto pais tenhamos consciência que na base do problema podem estar fatores de ordem diversa, e não há uma explicação única e universal. Alguns deles podem ter que ver com o perfil da criança, ser mais ou menos ansiosa, sentir-se insegura quanto ao seu desempenho (às vezes a insegurança terá que ver com resultados anteriores que não correspondam às suas expectativas, mas nem sempre… porque há alunos com bons resultados que se sentem igualmente ansiosos). Outro foco de origem para a ansiedade poderão ser as expectativas familiares e a valorização implícita ou explícita dada a testes e resultados. A leitura que as crianças fazem daquilo que é importante academicamente para os pais não se faz só nesses momentos, nem apenas no que lhes é dito, portanto, como adultos temos antes de mais de perceber a importância que os resultados têm para nós e a forma como estaremos a passar isso para as ou os nossos filhos.

Haverá também o fator escola a considerar. A importância e a expectativa que os professores transmitem relativamente aos testes poderá ter impacto na forma como cada criança encara estes momentos com maior ou menor pressão.

Um ou a combinação de vários destes fatores traçarão o quadro inicial de cada criança, pelo que convém avaliá-los bem, para perceber em que frentes e com que estratégias atuar.

Naturalmente, todos queremos que as e os alunos encarem os momentos de prova com seriedade e responsabilidade, que percebam que é um momento com regras próprias, tempo limitado, em que vão ter oportunidade de demonstrar mais uma vez o que aprenderam… com isso alguma ansiedade será natural e útil para estarem mais alerta e em prontidão. Assim sendo, para contrariar as ansiedades excessivas, também não podemos cair no erro de desvalorizar por completo estes momentos no nosso discurso, como se fossem iguais a quaisquer outros… até porque a experiência prática das crianças desconfirma esta ideia.   

Sugerimos assim algumas estratégias para lidar com este assunto:

 - Entre adultos, pais e professores, convém alinhar discursos e atitudes de maneira a transmitir que, as provas apesar de serem importantes, são apenas mais um momento de avaliação e devemos fazê-los sentir que as aprendizagens realizadas se demonstram todos os dias.

- Se possível, na escola ou em casa, deve-se construir um portfolio com os trabalhos realizados cumulativamente, de preferência conjuntamente avaliados, para que a criança possa perceber bem do que é capaz ao longo do tempo assim como aquilo em que terá ainda de melhorar.  Esta estratégia é essencial para securizar a criança no que respeita às suas capacidades dando-lhe a sensação de maior controlo sobre o seu processo de aprendizagem e servindo de evidência para contrariar os eventuais pensamentos negativos que possam ocorrer.

- Evitar ao máximo que o estudo se concentre apenas nas vésperas dos testes pois isto implica pressão vivida na prática e cansaço acrescidos.

- Nos dias anteriores mal comecem a aparecer sinais de ansiedade, é importante ensinar e treinar alguns exercícios de relaxamento respiratório e físico. Para isto, bastará fazer uma consulta na internet para encontrar guiões de relaxamento para crianças. Escolhido o que lhe parecer mais adequado, importa que seja sempre o mesmo para que a criança possa ao longo do tempo interiorizar o procedimento e implementá-lo sempre que necessite, inclusivamente imediatamente antes ou durante as provas.

A eficácia destas estratégias na gestão da ansiedade está cientificamente comprovada mas algumas crianças poderão não conseguir antecipar os benefícios pelo que convém que todos os adultos de referência validem a estratégia e ajudem na sua implementação para que a criança tenha oportunidade de comprovar empiricamente os seus benefícios.

Quem sabe se ao ensina-los a relaxar, também nós possamos aprender a fazê-lo? Pois isto de ter filhos é um teste diário e há que estar preparado!